quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Emoções e Sentimentos

                O filme O Cavalo de Turim, do realizador húngaro Béla Tarr, arranca com um narrador a contar uma história profética sobre Friedrich Nietzsche. Segundo relatos, o filósofo alemão saiu para a rua da cidade italiana, num dia de Janeiro de 1889, e viu, ao longe, um cavalo que se recusava a andar, a ser chicoteado por um homem numa carroça. Nietzsche não aguentou e insurgiu-se com a cena, impedindo a violência, abraçando o animal, chorando. Béla Tarr escolheu no seu filme seguir aquele cavalo, a caminho da escuridão. Mas é Friedrich Nietzsche quem fica caído numa rua de Turim, iniciando a última década da sua vida, dez anos de loucura, depressão e ausência.
                   Se o filósofo nos pudesse descrever o que sentiu no corpo, quando estava caído, era provável que nos falasse de um nó na garganta, um aperto no peito, uma tensão na região dos olhos e de sentir os braços e pernas frios, distantes. A descrição pode traduzir o mapa corporal das sensações associado à tristeza. Este é um de vários mapas corporais das emoções, definidos por uma equipa de investigadores da Finlândia num trabalho em que defendem que estes padrões são universais, ultrapassando fronteiras geográficas e culturais, e deverão ter uma raiz biológica, explica-se no artigo publicado nesta segunda-feira na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
                “Muitas vezes sentimos as emoções directamente no corpo”, lê-se no artigo. Um exemplo clássico, também referido no artigo, é o formigueiro no estômago associado ao início sempre surpreendente do amor.
              A equipe que fez a investigação, da Universidade da Tampere, na Finlândia, começou por estudar as regiões do corpo que ficavam mais activadas ou desactivadas quando as pessoas sentiam 13 emoções: raiva, medo, nojo, felicidade, tristeza, surpresa, ansiedade, amor, depressão, desprezo, orgulho, vergonha, inveja.
              Para isso, os investigadores pediram primeiro a um grupo de 390 pessoas para fazerem um jogo simples. Num programa de computador, os participantes liam a palavra correspondente a uma emoção para depois pintarem num corpo desenhado as regiões que sentiam ficar mais activadas e aquelas que sentiam ficar menos activadas durante essa emoção. Esta primeira experiência foi feita em finlandeses, suecos e tailandeses para verificar se a linguagem tinha influência e se havia diferenças culturais nas sensações no corpo.
                Depois, a equipe quis perceber se as sensações pintadas no corpo estavam influenciadas por uma questão conceptual. Ou seja, testaram se o resultado obtido nos mapas traduzia uma ideia racionalizada de cada participante sobre o que se deveria sentir no corpo quando se estava com raiva ou feliz, ou se era efetivamente aquilo que os participantes estavam a sentir. Nesta segunda experiência, feita a 108 pessoas, os investigadores pediram aos participantes para descrever o que sentiam no corpo quando liam frases associadas a emoções, mas que não tinham lá a palavra referente a cada emoção. Para suscitar felicidade, uma das frases era: “É um belo dia de Verão. Está a guiar um descapotável em direção à praia com os seus amigos e há música a sair das colunas.” Já na tristeza, a frase podia ser: “Numa visita ao hospital, vê uma criança que está a morrer e que quase não consegue manter os olhos abertos.”
Raiz biológica para sete emoções básicas
                       
                     Os resultados deste conjunto de experiências foram consistentes. Os investigadores conseguiram criar, para cada uma das emoções enumeradas em cima, um mapa semelhante com a activação e a desactivação das regiões do corpo humano, independentemente da nacionalidade ou da forma como a emoção foi suscitada. “Estes resultados dão um novo conhecimento sobre como as emoções estão representadas no corpo e não só na mente”, diz ao PÚBLICO Laurie Nummenmaa, uma das autoras do trabalho.


                         Os mapas mostram que cada uma das 13 emoções tem um mapa corporal diferente, que se repete em cada cultura. “Como as diferentes emoções parecem ter uma base corporal diferente (que é consistente nas várias culturas), isto sugere que as emoções básicas [raiva, medo, nojo, felicidade, tristeza e surpresa, as outras sete já são ‘emoções complexas’] testadas neste estudo podem ter uma raiz biológica e uma base evolutiva.”
                   A ativação e a desativação de que o estudo fala podem refletir vários fenômenos fisiológicos de acordo com a emoção. “Pedimos apenas às pessoas que nos relatassem como se sentiam, por isso os resultados refletem diferentes tipos de respostas fisiológicas que estão a acontecer. Desse ponto de vista, os mapas provavelmente são uma mistura de diferentes tipos de atividade esqueleto-muscular, visceral e do sistema nervoso autônomo”, interpreta a cientista.
No artigo, os cientistas descrevem estes mapas mais pormenorizadamente. Na maioria das emoções básicas, há uma “atividade elevada” na área do peito, associada ao aumento de respiração e do ritmo cardíaco. Há também muitas sensações na região da cabeça, “que provavelmente refletem tanto mudanças fisiológicas na cara [a contração dos músculos, o aumento da temperatura quando se cora ou a produção de lágrimas] como mudanças sentidas na mente provocadas por acontecimentos emocionais”, lê-se no artigo. Já a região do estômago aparece ativa quando as pessoas sentem nojo.
A atividade nos membros está aumentada em emoções associadas à acção como a felicidade ou a raiva. Em contraste, algumas das característica que definem a tristeza são as pernas os braços adormecidos. “As emoções podem promover o bem-estar preparando-nos tanto para a ação, ao aumentar a ativação como acontece na raiva, como protegendo os nossos recursos corporais e sociais, ao diminuir a ativação como acontece na tristeza”, defende Laurie Nummenmaa.
Um dos próximos objetivos da equipa é tentar relacionar estes mapas com os fenômenos fisiológicos que realmente estão a ocorrer em cada região do corpo e de uma forma exaustiva. Uma medição direta desta “ativação e desativação” corporal será difícil de se obter, explica a investigadora. “Em princípio, poderíamos medir a velocidade do sangue com uma perfusão e uma tomografia por emissão de positrões, ou obter imagens corporais de temperatura para detectar diferenças fisiológicas durante a ativação [das regiões do corpo]. Que eu saiba, ninguém tentou fazê-lo antes devido a dificuldades técnicas.” A equipa quer ainda caracterizar como é que crianças de diferentes idades sentem as emoções no seu corpo.
Estes mapas obtidos poderão ser ainda utilizados como instrumentos ou “marcadores corporais” para a saúde psicológica. Desta forma, poderão ajudar a inferir estados emocionais das pessoas quando estão com problemas psicológicos, sugere Laurie Nummenmaa. Nas doenças mentais, as respostas emocionais e as sensações corporais podem estar alteradas. Por exemplo, a ansiedade fica exacerbada, provocando dores no peito e fazendo suar as palmas das mãos.
“Medir as sensações corporais, sem ter havido estímulos emocionais prévios, pode ser uma nova forma de detecção de uma alteração nos processos emocionais de alguém. Em alternativa, é possível que as sensações corporais associadas, por exemplo, à tristeza, estejam marcadamente alteradas no caso de uma depressão, o que seria mais um indício para se detectar esse problema”, explica a investigadora.
Para Laurie Nummenmaa é “fascinante a ligação directa” entre o que se passa na mente, quando se está a viver uma emoção, e a reacção do corpo a essa emoção. O que originou aquele momento em que Nietzsche abraça o cavalo, um momento tão marcante que levou Béla Tarr a realizar O Cavalo de Turim. Mas a imagem com que ficamos da descrição do comportamento do filósofo é facilmente reconhecível, já que o mapa corporal da tristeza extrema é universal.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O silêncio da alma

Um  motivo pelo qual o silêncio nos é tão perturbador: Assim que começamos a nos tornar silentes, experimentamos a relatividade de nossa mente comum cotidiana. Com essa mente medimos nossas coordenadas de espaço e de tempo, calculamos as probabilidades e contabilizamos nossos erros e acertos. 
Trata-se de um nível de consciência muito útil e importante. É um estado mental tão útil e familiar que, facilmente, acreditamos seja tudo o que somos: a totalidade de nossa mente, nosso verdadeiro eu, nossa inteira significação.
A vida, o amor e a morte, frequentemente nos ensinam o contrário. Encontramos-nos inesperadamente com o silêncio, em muitas reviravoltas inesperadas da estrada da vida, de maneiras imprevisíveis, em pessoas improváveis. Sua saudação possui um efeito que é, ao mesmo tempo, emocionante, pleno de maravilhamento, ainda que, frequentemente apavorante.
A cada momento, nossos pensamentos, medos, fantasias, esperanças, raivas e atrações, estão todos surgindo e desaparecendo. Identificamos-nos, automaticamente, com esses estados, sejam eles passageiros ou, compulsivamente recorrentes, sem pensar o que pensamos. Quando o silêncio nos ensina o quão transitórios e, portanto pouco confiáveis, na verdade, são esses estados, confrontamo-nos com o terrível questionamento de quem somos nós. No silêncio precisamos lutar com a terrível possibilidade de nossa própria irrealidade.
O pensamento budista faz dessa experiência, denominada anatman ou, o "não eu", um dos principais pilares de sabedoria em seu caminho de libertação do sofrimento e, um de seus meios de iluminação essenciais. Incentiva-se o praticante budista a buscar essa experiência da transitoriedade interior e, em vez de fugir dela, mergulhar nela de cabeça, assim como fizeram, Meister Eckhart e os grandes místicos cristãos.
É compreensível que anatman seja a idéia budista que representa o maior problema para as outras pessoas. Tão absurdo, tão terrível, tão sacrílego dizer que eu não existo. De fato, muito do antagonismo cristão ao anatman é infundado ou, fundamentado em interpretação errônea. Não quer dizer que não existimos, mas, que não existimos em autônoma independência, que é o tipo de existência que o ego gosta de imaginar que tem; o tipo de fantasia de ser Deus, com que a serpente tentou Eva. Trata-se da arrogância que, frequentemente, acomete as pessoas religiosas.
Não existo independentemente, pois Deus é o fundamento de meu ser. À luz desse entendimento, lemos as palavras de Jesus no Novo Testamento, com percepção aprofundada: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me..., mas, o que perder a sua vida por causa de mim, a salvará" (Lc 9, 23-24).
Caso, através do silêncio, possamos abraçar esta verdade do anatman, faremos importantes descobertas acerca da natureza da consciência. Descobriremos que a consciência, a alma, é mais do que o fantástico sistema cerebral que computa, calcula e, julga. Somos mais do que aquilo que pensamos. A meditação não é o que pensamos.
Medite por Trinta Minutos... Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxado, mas, atento. Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação.

sábado, 3 de janeiro de 2015

O que é Ressentimento

Ressentimento é uma mágoa crônica. Na verdade,a palavra ressentir quer dizer "deixar-se sentir novamente" ou " voltar-se ao sentimento passado". As criaturas suscetíveis às ofensas são aquelas que guardam rancor facilmente, remoendo o insulto e intensificando os efeitos debilitantes do ressentimento e da raiva
Quando estamos melindrados, experimentamos sucessivas vezes o mesmo sofrimento. Isso nos consome energeticamente e debilita nosso corpo físico e/ou o espiritual.


Perdoar é um ato de amor, em que reina a compreensão e a humildade. É um indício do amor a nós mesmos e aos outros. No momento em que perdoamos, nos identificamos com nosso próximo; admitimos a nossa falibilidade humana, reconhecendo nossas deficiências e nossa facilidade em errar. Perdoamos na medida em que desfazemos a ilusão de que somos perfeitos. Sabemos que nosso grau de conhecimento é resultante de nossa participação e interação nos processos do Universo. Nossas múltiplas existências nos levam gradativamente à autoconscientização de que todas as coisas estão interligadas. Não somos criaturas isoladas, e sim parte de uma complexa rede da Vida. Estamos vivendo juntos, porém em diferentes níveis de amadurecimento e precisamos, todos, de muito perdão durante o processo evolutivo, precisamos perdoar a nós mesmos e aos outros.
Admitir nossas falhas e não se ressentir é uma fórmula poderosa para remover os obstáculos à boa convivência. Não seria tempo de nos libertarmos dos " cárceres" do rancor e da mágoa?
Certamente, parte da nossa dificuldade em pedir desculpas se deve ao problema que temos com a realidade interior. Para chegar ao momento de nos desculparmos, devemos antes ser humildes ou honestos conosco, admitindo as nossas limitações e inadequações de seres espirituais em regime de crescimento e de permuta constante.
A humildade e o perdão caminham juntos. Eles nos levam às trilhas da compreensão dos equívocos e erros existenciais. Aliás, os enganos são oportunidades de aperfeiçoamento e amadurecimento para todos; são experiências para aprendermos a viver melhor.
Costumamos confundir, erroneamente, humildade com servidão, submissão e covardia. Ela é, sobretudo, "a  lucidez que nasce das profundezas do Espírito".
A humildade não está relacionada com o nosso aspecto exterior, mas com a maneira como percebemos as pessoas e as circunstâncias . É a habilidade de ver claramente, sem defesas ou distorções, pois nos limpa a visão e nos livra dos falsos valores. Com "olhos humildes", entendemos que perdoar é atitude que requer mudança de nossas percepções, quantas vezes forem necessárias. Nossa visão atual é prejudicada pelas percepções do ontem sobre o nosso hoje, visto ficarmos quase sempre presos aos "fatos do passado", permitindo que "lembranças amargas" escureçam o presente, mesmo anos depois de terem ocorrido. 

"Compreender perdoando" significa que somos capazes de mudar nossas velhas convicções e perceber novas evidências da verdade em nossas atitudes e nas alheias. Dessa forma, ficamos mais flexíveis e menos exigentes para com o comportamento dos outros.
Quem compreende e perdoa possui uma "visão cósmica" da Vida, porque ampliou sua consciência. Ela representa a faculdade de ver as criaturas e a criação como uma coisa só; expressa uma visão de existência estruturada sobre uma concepção de unidade.
Os indivíduos que "melindram-se com as críticas das quais suas comunicações podem ser objeto; se irritam com a menor contrariedade (...)" são considerados dogmáticos, quer dizer, pessoas que rejeitam categoricamente qualquer opinião ou parecer, cultivando um ponto de vista de "certeza absoluta" .
Não temos habilidade de entender tudo de início, precisamos constantemente revisar nossa maneira de ver, a fim de ampliar conceitos. O dogmático não perdoa, porque lhe falta a clareza de visão que a humildade proporciona.
(...) Guardando melindres e irritação, desorganizaremos os tecidos sutis de nossa alma e intoxicaremos, por conta própria, a vestimenta corpórea.
Para termos sanidade plena, é preciso que nossas energias estejam harmonicamente compensadas. Somos seres essencialmente energéticos.
Assim como uma barra de ferro se imanta quando da proximidade de um imã,da mesma forma uma criatura pode atrair energiasconforme seu padrão vibratório.
Na vida não existe fatalidade, apenas sintonia. Não precisamos ser exatamente iguais aos outros, basta termos afinidade para que ocorra o fenômeno de atração magnética.
Perdoar não significa que devemos ser coniventes com os comportamentos impróprios, nem aceitar abusos desrespeito, agressão ou traição, mas é uma nova forma de ver e viver, envolve o compromisso de experimentar em cada situação uma nova maneira de olhar o que está acontecendo, ou como aconteceu, sem interferência das percepções passadas. O perdão surge a partir de uma "visão cósmica" do comportamento humano. (...) O ato de perdoar não requer a reabertura de velhas feridas, mas, sim, a sua cura. Transforma-nos em co-criadores da nossa realidade, pois tem relação com a capacidade de escolhermos como reagir às situações de nossa vida.
Hammed, in
A imensidão dos sentidos








sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Feliz Ano Novo !!!!

Dádiva divina, repete-se infinitamente em nossa estrada.
Usando-a, é possível a realização
de surpreendentes milagres em nossa vida.
Pede-nos tão-somente trabalho, boa vontade e diligência no bem,
para trazer-nos sublimes edificações...
A sementeira do êxito.
O reajuste da própria alma.
O regresso ao caminho de luz.
O tesouro do entendimento.
A fortuna da sabedoria.
A plantação da amizade.
O progresso nas boas obras.
A conquista da simpatia.
A aquisição do concurso fraterno.
A bênção do dever bem cumprido.
Todo o engrandecimento de nossa vida
começa na insignificância aparente de um minuto.
Considera a graça do Tempo que o Senhor te concedeu
para a luta santificante na Terra e ajuda-te a ti mesmo,
aplicando-a em tua própria felicidade.
Cada minuto é uma semente de amor que podes cultivar
ou uma abençoada luz que podes acender para o grande futuro.
O Tempo, ao Comando Divino, marcha com regularidade,
renovando e aperfeiçoando todas as criaturas e todas as coisas.
Não permaneças na retaguarda.

Chico Xavier / Emmanuel (espírito) 

Fim do ano chegou.
Apenas com o passar de um minuto mudaremos o calendário de 2014 para 2015.
Um minuto, apenas!
O quanto de bom e de belo podemos realizar em apenas um minuto!
Pois que neste ano que se aproxima, você consiga bem utilizar
o tempo que lhe foi doado por Deus.
E que este tempo sempre conte a seu favor, enriquecendo-o
de paz, alegria e amor, muito amor.
 
Para você e todos os seus.
Sempre, dia-a-dia, minuto a minuto, sob as bênçãos de Jesus.
São os meus sinceros votos,